Revista Quatro Rodas nº 306 – Janeiro de 1986
Reportagem de Claudio Carsughi
Fotos de Claudio Larangeira
O painel é o do Santana. O motor também, só que 1.6. No mais, a mesma estabilidade, conforto e bom acabamento que fizeram do Passat LS um dos carros brasileiros de maior sucesso desde que foi lançado, há 12 anos.
Um carro que já atingiu a maioridade e já resolveu todos os seus problemas: este é o Passat 86. Testado por Quatro Rodas na versão LS Village, com motor 1.6 da nova geração (falamos disso em agosto, por ocasião do teste da Parati), o Passat mostrou que a troca de motor foi altamente positiva. Seu desempenho melhorou (atingimos a velocidade máxima de 166,6 km/h), o consumo se manteve em nível compatível e, a rigor, não encontramos pontos a criticar no carro. Única exceção para confirmar que nada é perfeito, sobretudo quando há claras limitações de preço final, o diâmetro do volante. Com quase 40cm, ele nos parece grande demais, obrigando o motorista a uma posição forçada, com os braços muito abertos. Ou então a segurar o volante na parte superior, o que é uma forma de reduzir o seu diâmetro. Compreende-se, naturalmente, que esta medida não foi tomada ao acaso pela fábrica: o volante maior, de um lado, reduz o esforço necessário para girá-lo; de outro, amplia a área de visibilidade do quadro de instrumentos. Pessoalmente, contudo, renunciaríamos de bom grado a essas vantagens e manteríamos o volante anterior, muito mais cômodo e funcional.
Além do desempenho desse Passat ter agradado bastante (passadas os primeiros momentos na pista, fomos verificar se era mesmo o 1.6 ou um 1.8 montado por engano), também o consumo deixou impressão positiva. Na estrada ele oscilou entre 11,77 km/l (com carga total, isto é, com 450kg, inclusive o motorista) e 12,71 km/l. E na cidade fez 7,36 km/l, marca perfeitamente adequada.
Em outros aspectos o Passat mostrou também ter atingido a maturidade. É um carro estável, qualidade, aliás, que teve desde o seu lançamento, em 1974. Mas agora sua suspensão está perfeitamente nacionalizada, isto é, perfeitamente adaptada às nossas condições de piso, que são diferentes daquelas para os quais o Passat tinha sido projetado na Alemanha. Como resultado, uma suspensão que não prejudica a estabilidade nem penaliza o conforto, ao contrário do que ocorre com outros carros cuja transposição para o Brasil criou problemas até hoje não resolvidos. Ou são estáveis e desconfortáveis, ou moles demais, com prejuízo para a estabilidade. O Passat, que também teve seus problemas no começo, mas conseguiu resolvê-los satisfatoriamente, constitui hoje um exemplo a ser seguido.
Outro ponto positivo do carro é seu conjunto de transmissão. O câmbio, com cinco marchas de relações bem escolhidas (quando a quinta começa a cair, a quarta normalmente resolve o problema), tem engates macios e precisos. E isso mesmo em rotações muito elevadas, quando, em outros carros, os engates costumam tornar-se duros. E a transmissão não traz qualquer problema, mesmo quando Passat é exigido a fundo.
Merece ainda elogio o nível de conforto que o Passat oferece: bons bancos dianteiros, segurando razoavelmente o corpo mesmo nas curvas mais fechadas; eficiente renovação de ar; acabamento que consegue proporcionar um ambiente agradável, e finalmente um painel (o mesmo do Santana) mais moderno, embora ainda incompleto. São todos elementos positivos num carro que, com seus pára-choques mais envolventes, atingindo também a parte inferior da carroceria, teve também melhorado o seu Cx, que era de 0,46. Embora a fábrica ainda não tenha dados exatos quanto a esta melhora, ela é indiscutível e se reflete positivamente tanto no desempenho como no consumo.
Enfim, o Passat é hoje um carro muito bom, que não reserva qualquer surpresa desagradável a seus compradores. E isso depois de ter atravessado fase incerta no mercado, quando se avolumavam os rumores de que sua produção seria definitivamente paralisada. De qualquer forma, ainda que comercialmente seu forte hoje sejam as exportações, o Passat mostrou nesse teste perfeitas condições para sobreviver ainda por longo tempo, em que pese ter sido retirada de linha a versão quatro portas (ela é exclusiva para exportação), que eventualmente poderia atrapalhar um pouco as vendas do Santana.
Resultados | ||
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Item | Avaliação | Nota |
Desempenho | Bom para um Passat 1.6, com máxima de 166,667 km/h e 0-100 km/h em 13,7s. | 7 |
Consumo | Razoável: na estrada, médias entre 11,77 (carga total) e 12,71 km/l; na cidade, 7,36 km/l. | 6 |
Motor | O mesmo aspecto positivo já observado na Parati: maior potência sem aumento de consumo. | 7 |
Câmbio | Engates precisos, relações de marcha bem escalonadas: um conjunto agradável. | 7 |
Freios | Em emergência não provocaram alteração de trajetória e os espaços percorridos foram normais. | 7 |
Direção | Um único defeito: excessivo diâmetro do volante. Precisão e relativa leveza são seus dotes. | 6 |
Estabilidade | É um carro estável, que infunde confiança, em todas as condições de utilização. | 8 |
Suspensão | Adequada a nossas estradas, com um bom equilíbrio entre estabilidade e conforto. | 7 |
Estilo | Não parece ter mais de uma década, sinal evidente de que o seu desenho foi feliz e avançado. | 6 |
Conforto | Bons bancos, eficiente renovação de ar, razoável espaço longitudinal: um conjunto satisfatório. | 7 |
Posição de dirigir | Comandos bem posicionados e banco não muito duro mas que segura bem o corpo. | 7 |
Instrumentos | Mesmo conjunto do Santana, o que representa um avanço. Falta um manômetro de óleo. | 6 |
Visibilidade | Boa para a frente e para os lados, um pouco reduzida para trás pela forma da carroceria. | 6 |
Nível de ruído | Embora sendo o modelo intermediário da linha, é bem silencioso em todos os aspectos. | 7 |
Porta-malas | Capacidade para 362 litros, adequada para quatro pessoas e estepe horizontal, sob o assoalho. | 7 |
Velocidade máxima na pista (km/h reais) | |
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Média de 4 passagens | 166,667 |
Melhor passagem | 173,077 |
Velocidade máxima em cada marcha | |
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1ª | 46 |
2ª | 81 |
3ª | 122 |
4ª | 173 |
5ª | 173 |
Aceleração | ||
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Variação de velocidade | Tempo (segundos) | Marchas usadas |
0 – 40 km/h | 3,14 | 1ª |
0 – 60 km/h | 5,85 | 1ª/2ª |
0 – 80 km/h | 8,88 | 1ª/2ª |
0 – 100 km/h | 13,17 | 1ª/2ª/3ª |
0 – 120 km/h | 20,10 | 1ª/2ª/3ª |
0 – 500 m | 21,60 | – |
0 – 1000 m | 34,73 | – |
Retomada de velocidade | ||
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Variação de velocidade | Tempo (segundos) | Marcha usada |
40 – 60 km/h | 10,22 | 5ª |
40 – 80 km/h | 19,38 | 5ª |
40 – 100 km/h | 29,51 | 5ª |
40 – 120 km/h | 41,21 | 5ª |
40 – 1000 m | 42,95 | 5ª |
Nível de ruído | ||
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Velocidade real (km/h) | Marcha usada | dB |
0 | Ponto morto | 47,3 |
20 | 1ª | 64,8 |
40 | 2ª | 65,7 |
60 | 3ª | 67,9 |
80 | 4ª | 69,6 |
80 | 5ª | 69,3 |
100 | 5ª | 70,1 |
100 | 5ª | 73,8 |
Consumo a velocidade constante | ||
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Velocidade real (km/h) | Consumo (km/l) | Marcha usada |
40 | 15,52 | 5ª |
60 | 15,36 | 5ª |
80 | 13,06 | 5ª |
100 | 10,80 | 5ª |
120 | 9,08 | 5ª |
40 | 14,35 | 4ª |
Consumo médio | ||
Na cidade | 7,36 | |
Na estrada, a 80km/h, carregado | 11,77 | |
Na estrada, a 80km/h, vazio | 12,71 |
Espaço de frenagem | |
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Velocidade (km/h) | Distância (metros) |
40 | 8,90 |
60 | 18,20 |
80 | 32,40 |
100 | 49,80 |
120 | 70,00 |
Freio de estacionamento | |
60 | 45,00 |
Ficha técnica – Passat LS Village 1986
Motor – Dianteiro, longitudinal, de quatro cilindros em linha, refrigerado a água. Comando de válvulas e válvulas de admissão e escapamento no cabeçote. Alimentação por um carburador de corpo duplo e fluxo descendente; a álcool. |
Diâmetro e curso – 81,0 x 77,4 mm |
Cilindrada total – 1.596 cm³ |
Taxa de compressão – 12:1 |
Potência máxima – 85 cv (63 kW) ABNT a 5.600 rpm |
Torque máximo – 12,65 mkgf (124 Nm) ABNT a 3.000 rpm |
Relações de marcha – 1ª) 3,45:1; 2ª) 1,94:1; 3ª) 1,29:1; 4ª) 0,91:1; 5ª) 0,73:1; diferencial, 4,11:1. Tração dianteira. |
Carroceria – Sedã, duas portas, cinco lugares, estrutura monobloco |
Suspensão dianteira – Independente, McPherson, com braços inferiores triangulares, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. |
Suspensão traseira – Semi-independente, com eixo trabalhando em torção, braços longitudinais tubulares, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. |
Freios – A disco nas rodas dianteiras e a tambor nas rodas traseiras, com servo |
Direção – Mecânica, de pinhão e cremalheira; diâmetro do volante: 39,5 cm |
Diâmetros de giro – 10,20 m, tanto para a direita como para a esquerda. |
Dimensões externas – Comprimento, 426,2 cm; largura, 160,0 cm; altura, 135,5 cm; distância entre eixos, 247,0 cm; bitola dianteira, 134,0 cm; bitola traseira, 134,2 cm; altura mínima do solo, 14,0 cm. |
Rodas – Aro 13 x tala 5 polegada, de liga leve |
Pneus – 175/70 SR 13 |
Capacidade do tanque – 60 litros |
Capacidade do porta-malas – 362 litros |
Capacidade total de carga – 450 kg |
Carga rebocável – 400 kg (reboque sem freio próprio) ou 800 kg (reboque com freio próprio) |
Peso do carro testado – 950 kg |
Fabricante – Volkswagen do Brasil S.A., via Anchieta, km 23,5, CEP 09700, São Bernardo do Campo, SP. Telex: (011) 44 5193. |
Gostaria de saber tudo do Passat pointer se puder agradeço.