Revista Manchete nº 1721 – 13 de abril de 1985
Reportagem de Fernando Calmon
Fotos: Divulgação Volkswagen
Com um atraso de mais de dois meses, devido ao remanejamento das linhas de montagem para atender às exportações, — o Passat é o automóvel brasileiro de maior sucesso no exterior, ao lado do Fiat 147 —, chegou o modelo 85 do carro médio da Volkswagen, que atua na classe D do mercado (Passat, Corcel, Monza). São três versões: Special (maneira elegante de chamar o carro standard da linha), LS Village (de melhor acabamento) e o GTS Pointer (esportivo).
Todos receberam novos pára-choques de poliuretano, um material elástico que aguenta pequenas pancadas sem deixar mossas, com reforço interno de aço. Largos spoilers dianteiros e traseiros dão um aspecto de robustez ao carro. Lateralmente, há um espesso friso protetor, mas que não protege a linha de cintura por estar muito baixo, como ocorre em vários automóveis nacionais. O Pointer recebeu uma interessante solução visual, com uma faixa degradê inferior, além da tradicional substituição de peças cromadas por outras em preto fosco.
A Volkswagen demorou, mas fez um painel e quadro de instrumentos decentes. O Passat merecia. Os instrumentos e teclas são iguais aos do Santana, com local para relógio (Village) ou conta-giros (Pointer) de grandes dimensões. Os volantes são novos nas duas versões, ficando o destaque contudo para o do Pointer (igual ao do Golf GTI alemão), desde já o único que merece ser imitado: desenho esportivo sem atrapalhar a visão dos instrumentos.
Bancos dianteiros Recaro, iguais aos do Gol GT, são padrão no Pointer, que ainda dispõe de instrumentos exclusivos como um termômetro de óleo do motor. A dotação de equipamentos da linha Passat completa-se com as opções, entre outras, do teto solar (não tão bom como o do Escort XR-3) e o ar condicionado. O motor 1.8 do Santana é utilizado no Pointer (as demais versões continuam com o motor 1.6), mas iria melhor o do Gol GT, este sim um motor com características esportivas.
Câmbio de cinco velocidades é equipamento de série (menos no Special) e a Volkswagen tomou o cuidado de escalonar a quarta e quinta marchas de modo diferente no Pointer: mais curtas para garantir melhores acelerações. As cinco velocidades são uma exigência de mercado que demorou demais para ser entendida e atendida pela fábrica. A economia na estrada é pequena (em torno de 5%), mas o silêncio do motor compensa.
Finalmente, uma constatação. Além do preto, os revestimentos internos estão também começando a mudar. A VW oferece opções de grafite e marrom. Resta aos concessionários convencerem os usuários da vantagem de cores internas mais claras e de acordo com o nosso clima.
Um dos modelos de carros mais bonitos dos anos 80 no Brasil.
Equilibrado em desempenho, consumo relativamente baixo, bom espaço interno, bons freios, estabilidade etc